domingo, 17 de fevereiro de 2013

Folhas Brancas

Desde de que me entendo por gente prefiro usar folhas brancas, aquelas sem linhas que deveríamos usar pra desenhar. Talvez eu tivesse sido mais feliz na escola se tivesse usado elas ao invés de cadernos universitários.
Acredito que essa minha preferência venha da minha falta de amor e devoção por regras. Não me entendam mal, todos nós precisamos de regras, em casa, na escola, nos lugares públicos e etc... Mas eu nunca consegui me adaptar muito bem aos padrões que todo mundo segue durante a vida.
Por exemplo, enquanto minhas amigas da pré-escola brincavam de bonecas, eu ficava treinando como escrever meu nome. Enquanto minhas amigas do primário usavam sandálias e tênis cor de rosa, eu usava chuteiras. Enquanto minhas amigas do ginásio pensavam em namoros e beijos - não que eu não pensasse nisso também, mas era bem menos freqüente - eu lia, desenhava e começava a escrever meus livros - estes que ainda estão estacionados nos primeiros capítulos. Enquanto elas se reuniam em grupos de meninas, eu fiquei com uma única do meu lado e agora tenho mais amigos homens do que mulheres.
Mas eu não fazia essas coisas para ser diferente dos outros e me destacar, eu fazia porque simplesmente me sentia mais confortável e porque essas coisas me atraiam muito mais do que as que todo mundo gostava.
E isso ainda acontecesse comigo. Eu não tento ser a mais bonita e magra, eu tento fazer as pessoas rirem. Nunca quis ser médica ou advogada, sou estilista e escritora. Não toco violão, optei por bateria.
Acho que essa mania de ser diferente vai me perseguir a vida toda. E olha que essa fixação pelo diferente já me rendeu muitos problemas. Eu sempre gostei mais dos inteligentes do que dos bonitões, porque por mais que eles me atraíssem fisicamente, tenho um bloqueio que me impede de conversar com pessoas sem conteúdo.
Eu gosto de cabelos coloridos, alargadores e tatuagens, muito mesmo. Mas além disso, eu gosto do clássico, que acabou se tornando diferente pois caiu em desuso. Por exemplo os valores da sociedade dos nossos avós, os cumprimentos de bom dia, o comprimento das roupas, cortejos e namoros na varanda, as cores de antigamente. Gosto de perder uma tarde lendo um bom livro e sou apaixonada - extremamente apaixonada - por cães.
Não sou toda diferente, também tenho meus clichês, mas grande parte de mim repele essa normalidade.
Não sei onde isso para, porque ninguém se conhece por completo, por isso garanto que meus bons amigos poderiam enumerar muitas outras esquisitices minhas, mas posso dizer que isso me faz feliz, ser assim me faz feliz, justamente por que eu nunca tentei me adequar aos padrões dos outros. Nunca tentei "colocar uma calça que não era meu número" e talvez por isso eu me sinta tão bem, até com os meus dramas.

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